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O padrão é não ter padrão

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São Paulo é a cidade da diversidade cultural, do clima maluco, da mistura de pessoas de diversos lugares do país e do mundo. Essa mistura já faz parte da identidade cultural da cidade, mas nem por isso deveria ser tão desorganizada em termos de padrões na comunicação visual.
Entra gestão, sai gestão e quando se há intenção de fazer uma coisa legal, uma nova direção entra e desfaz o que já vem sendo construído. Me parece também que não existe um planejamento visual para a comunicação na cidade como um todo e isso acaba prejudicando o dia a dia do cidadão.
É como se não houvesse padrão entre as seções de uma publicação impressa, entre as páginas de um site ou entre as estações do Metrô.

Não estou dizendo que tudo precisa ser igual, mas é como uma marca que tem o seu manual de identidade ou seu “guideline”. Tudo se constrói através de um guia de estilo onde a linguagem visual obedece a um padrão de conceito, formas, cores, tipografias…

Bom, acho que não estou falando nenhuma novidade, mas é que é assunto básico no que se refere à preocupação com o usuário na área em que atuo (Arquitetura de informação e Design). Ou seja, num site por exemplo, se não tivermos uma unidade visual entre as páginas, não temos uma boa experiência de uso, o usuário se perde e sai do site. A diferença da “experiência de uso” em uma cidade é que você não tem como sair dela em apenas um clique.

Andando por São Paulo e observando diferenças entre tudo o que deveria ter uma ligação tanto visual quanto funcional, constatei que o padrão da cidade é não ter padrão. Ruim para a cidade, para o residente e para o visitante.
Um dos grandes problemas do projeto da cidade é a falta de pesquisa com os próprios cidadãos pagantes dos impostos (se teve, não parece que existiu). Ou a prefeitura te consultou antes de fazer alguma mudança grande no seu bairro? Você fez parte de alguma pesquisa?

Em cada bairro se vê um tipo de sinalização, de passarela, de iluminação, de ciclovia, de transporte, de pontos de ônibus, etc.
Então me baseei apenas em um exemplo onde a falta de padrão acontece: nos pontos de ônibus de São Paulo. E como não tive tempo de fotografar os pontos por aí, printei imagens do Google Street View.

Ponto Av. 9 dejulho

Ponto Av. Santo Amaro Ponto Av. Brigadeiro Faria Lima Ponto Av. Edgard Facó

Ponto Vila Madalena

Ponto Av. Pres. Juscelino Kubitchsheck Ponto Av. Marques de Sao Vicente

Logo quando eu estava fazendo esse levantamento, começaram a surgir os novos pontos de ônibus, aí pensei “Que legal! finalmente vão padronizar e melhorar a condição dos pontos!”, aí decidi incluir a crítica nesse mesmo post.

Novo Ponto de ônibus

Olhando de perto, fico pensando na quantidade de vidro que cada ponto tem. E se isso quebrar? Não vai ficar perigoso, machucar alguém? O quão rápido será a manutenção disso?
Sem dizer que a publicidade foi a primeira a ser colocada, mas… onde é que fica a indicação de quais ônibus passam ali?
Ouvi dizer também que em dias de sol o ponto vira uma estufa e “cozinha” quem estiver ali.
Esse é só mais um de muitos casos onde o poder público gasta milhões sem o consentimento de quem REALMENTE usa o serviço.

Aproveitei também para pesquisar o que o criador e público tem dito sobre os novos pontos. Divirtam-se!

Focamos nossas soluções nos passageiros, oferecendo proteção, segurança, conforto, bem-estar e dignidade. Fizemos abrigos inteligentes, adicionando tecnologia e comunicação instantânea com os ônibus e com a cidade, elevando a experiência dos passageiros a um novo patamar (ver matéria)

A intenção é embelezar São Paulo com as estruturas, que vão ser bem iluminadas e foram desenhadas para dar orgulho ao cidadão. (ver matéria)

Anunciados pela prefeitura como mobiliários com design e tecnologia modernos, os novos pontos de ônibus paulistanos estrearam sem informação básica: quais linhas passam pelo local. (ver matéria)

A maioria achou-os bonitos, mas está preocupada com a conservação. “Não dou uma semana para quebrarem esse ponto”. (ver matéria)

Qualquer cobertura opaca é melhor que o melhor dos vidros, ainda mais com teto baixo. Fica a sensação de mormaço de praia. (ver matéria)

Os usuários também reclamam do tamanho da cobertura dos pontos de ônibus. “Não cabe. Pelo fluxo que tem São Paulo, eles são muito pequenos. (ver matéria)

Veja também o post Descomunicação visual onde registro e falo sobre a lei Cidade Limpa na época em que o Prefeito Gilberto Kassab a implementou e o post Comunicação Visual mostrando as lojas dois anos depois.


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